Personalidades: Anna Karina
- Descultificando
- 17 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Você já assistiu algum filme com a Anna Karina? Além de estampar as artes dos canais do DesCULTificando, ela também é a musa de um dos maiores movimentos do cinema francês, a Nouvelle Vague.
É sobre ela que quero falar hoje.
No vlog, o vídeo da semana foi sobre Uma Mulher é Uma Mulher, filme de 1961, dirigido por Jean-Luc Godard. Lá eu te conto o porquê você ainda não viu esse filme e porquê você deveria assistí-lo.
Aqui no blog, eu fiz um resumo da vida e trajetória de Anna Karina, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim graças a esse mesmo filme.

Em 1940, na Dinamarca, nascia uma virginiana com ascendente em libra chamada Hanna Karin Blarke Bayer.
Durante sua adolescência sofreu diversos abusos que a fizeram fugir sozinha de casa, aos 17 anos, para a grande Paris sem nem ao menos falar francês.
Ficou num hotel próximo à Bastille nas primeiras semanas e quando estava prestes a ficar sem dinheiro, entrou no Les Deux Maggots, uma cafeteria parisiense e trombou com a estilista Catherine Harlé, que se apaixonou pela aparência jovial de Hanna e a convidou para fotografar para a revista de moda Jours de France. Segundo a estilista, Hanna tinha algo que as outras modelos da época não tinham... personalidade.

Assim, passou a trabalhar como modelo. Fazia com maestria, pois era a única maneira de se manter em Paris... mas ela detestava.
Chegou a trabalhar com Pierre Cardin. E no meio de um photoshoot para a Elle Magazine, ela pôde conhecer Gabrielle Chanel (a própria Coco Chanel), que a rebatizou com primor:
"Anna Karina. Tem mais impacto".
Na mesma época mas do outro lado de Paris, surgiu um desafio entre alguns jovens críticos da Cahiers du Cinéma, a maior revista de cinema de todos os tempos, redigida até hoje.

Eles estavam desanimados com o cinema francês e com o cinema hollywoodiano, que eram compostos por grandes produtoras e faziam filmes em larga escala com o mesmo teor. Surgiu entre eles, então, a ideia de recriar o cinema. Surgiu a Nouvelle Vague.

Junto a esse grupo estava Jean-Luc Godard, um jovem ambicioso, rebelde e levemente arrogante com muitas ideias na cabeça.
Enquanto planejava a realização de Acossado, filme que viria se tornar seu primeiro grande sucesso, notou Anna Karina em um comercial de sabonete e se encantou pela personalidade, jovialidade e sensualidade da menina.
Ao contactar e convidá-la para um pequeno papel em que ela apareceria nua, Anna recusou.
"Você entendeu tudo errado, eu estava usando um maiô".
Algum tempo depois, Jean-Luc a contatou novamente, dessa vez para estrelar O Pequeno Soldado.
Infeliz na carreira de modelo, Anna aceitou e logo depois, o relacionamento dos dois começou dentro e fora das telas.
O Pequeno Soldado acabou sendo lançado anos mais tarde por censuras da época.
Além de uma atriz charmosa e misteriosa, Karina também era excelente cantora então vou deixar esse vídeo aqui para você ouvir enquanto continua rolando a página.

O casamento deles durou em média 6 anos e 8 filmes.
Anna estava extremamente apaixonada. Ela foi a responsável por muitas mudanças positivas no gênio forte de Godard mas a boêmia francesa sempre esteve presente, o que a incomodava.

Era comum Anna se encontrar aflita dentro de casa porque o marido havia saído para buscar cigarros há duas ou três semanas.
Quando ele aparecia, os carimbos no passaporte e os presentes que Jean-Luc trazia consigo pareciam ser o suficiente para Anna... Que acabou se cansando e se divorciando no ano em que as mulheres conquistaram a independência financeira na França.
Após o término de seu casamento, Anna escreveu alguns livros como Vivre Ensemble (1973), Golden City (1983), On N’achète Pas Le Soleil (1988) e Jusqu’au Bout Du Hasard (1998).
Karina continuou atuando, chegando a uma carreira com mais de quinze filmes na bagagem. Trabalhou com grandes nomes como Claude Chabrol (da Nouvelle Vague francesa) e Rainer Werner Fassbinder (do Cinema Novo Alemão).

Outra grande personalidade que marcou
sua trajetória foi Serge Gainsbourg, compositor que criou o primeiro filme colorido para TV na França.
É um musical estrelado por ela e intitulado Anna.
Chegou ao fim da sua vida aos 79 anos, quando faleceu devido a um câncer em Dezembro de 2019.
Comentários